Eu conheci um homem que, cego de nascença, na minha idade passou a enxergar. Entusiasmado, não conseguia conter o choro ante a perspectiva de enfim ver as filhas. Mas o mundo era muito mais amplo e não só elas ele percebia. A cada nova experiência a riqueza da vida humana plena, que êxtase! Quantas coisas para aprender, este universo inexplorado. Viajou, conheceu, vivenciou...Viu paisagens, pessoas, seus gestos e rostos... Não demorou e as coisas começaram a mudar. O mundo era muito mais pobre que o imaginado. Ninguém tinha lhe dito que havia tanta sujidade, tanta fealdade, e ele via coisas abjetas por todo o lado. Quando era cego atravessava a rua sozinho, agarrado a uma bengala, mas agora, depois de recuperar a visão, tinha medo de se aventurar. A ternura e a beleza das filhas eram motivo de desconforto amargurado: passei a minha condição para alguém... Atônito, emudeceu.
Um suspiro depois de um longo caminho e penso em todas as vezes que me equivoquei tentando controlar ou oprimir sem aceitação completa e incondicional da vida... Vejo tão diferente.... Neste momento votar leve e sem esperança entendendo que reeleito ou não o psicopata burro com apoio da crentinice, a democracia fracassou neste pais. Os retrocessos virão ainda mais com o próximo congresso, onde leis e práticas progressistas serão substituídas por limitantes e preconceituosas (mais que tudo hipócritas). Os ciclos se iniciam e impulsionam os seguintes: "a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa". Até no senado, foi tudo pro espaço. Votar no Safatle ou na bancada feminista, tanto faz. "Para um homem de bem, a indiferença pode ser uma religião." "Que o mundo «está infestado com a escória do género humano» é perfeitamente verdade. (...) Parece-me que o escritor não deveria tentar resolver questões como a existência de Deus, pessimismo, etc.
Comentários