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Mostrando postagens de 2008

Os ombros suportam o mundo

Os Ombros Suportam o Mundo  Carlos Drummond de Andrade  Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram.  E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco.  Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes .És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos.  Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teu ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.  As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.

Num sábado ocioso

Em um grupo de filosofia, recebemos um e-mail com triste começo... Como se fosse um oráculo, alguém desesperado perguntava: qual o sentido da vida. Respondi meio (totalmente) sem jeito que não encontrava resposta pra estas questões e que não conhecia até o momento aquele que teve boa sorte na empreitada. Pra tentar viver o caminho enquanto não encontrasse e que assim tudo já se resolveria. Me mandou de volta um e-mail grosseiro faltou evocar satanás pela minha falta de humanidade. Que não era sincero ao responder... Agora, sejamos sinceros... A pergunta é absurda. Não existe sentido da vida (qualquer vida humana, pensando-se em sentido como objetivo a ser alcançado, como ato a ser realizado) e todos, no fundo, sabem disto. A questão seria talvez: qual o propósito para a MINHA vida, e isto apenas EU posso responder. Ah bendito Individualismo! Sagrado Joyce e Santissimo Nietzsche. E ainda há alguns dizem é o amor, outros dizem a família, outros ainda a realização ou o crescimento pessoa